Agora que já recuperei parcialmente dos músculos das pernas, torna-se-me mais fácil escrever-vos.
Como alguns dos meus caros leitores poderão ter visto, ontem, na página de facebook deste blogue, publiquei três fotografias alusivas ao tema de hoje, com a descrição "Oh, serras de Arouca, porque me deixam vocês tão apaixonado?". Aliás, creio eu, deixam assim qualquer um que tenha a felicidade de as visitar, quer as de Arouca como as de Vale de Cambra, na zona mais a Sul da Serra da Freita.
Ontem, a convite do fundador do Hotel Quinta de Anterronde, um belíssimo hotel rural agroturístico cujos edifícios remontam ao século XV, fui visitar, pela primeira vez, os passadiços do Rio Paiva, em Arouca.
Não fizemos o percurso todo, não, nem tão pouco começámos pelo lado mais fácil, ou seja, do Areinho a Espiunca, mas o que vimos foi absolutamente transcendente, o que nos incutiu de imediato o perfil leviatã das margens do Paiva.
A hora a que demos início a caminhada não foi a mais bem planeada, pois fomos sujeitos à intensidade solar fervente do meio-dia. Sorte a nossa, passo o juízo de valor, tínhamos o arvoredo protector!
A flora ribeirinha e a que lhe está suprajacente são de uma diversidade inacreditável.
Com os rizomas mergulhados nas límpidas águas do rio, os fetos-reais (Osmunda regalis) mostravam orgulhosos as suas grandes dimensões, na companhia de várias espécies de salgueiros (Salix sp.).
Carvalhos e sobreiros, heras e polipódios e ainda loureiros, sendo estes últimos a evidência viva da extinta laurissilva que vegetava um Portugal pré-histórico, um Portugal tropical prestes a sofrer uma glaciação.
A rica e vivaz vegetação deve as suas características às puras águas do Rio Paiva, considerado, não há muito tempo, o rio menos poluído da Europa.
Este rio, um afluente do Douro, nasce na Serra de Leomil e ele próprio, com cerca de dez afluentes, é um dos mais importantes locais de desova de trutas a nível nacional.
Uma vez que o nosso transporte nos esperou no local onde nos deixou, acabámos por fazer o caminho duas vezes, o que nos proporcionou duas perspectivas diferentes dos passadiços e do próprio Paiva: o percurso no sentido contrário à corrente do rio e o a favor. Foi esplêndido! Quando somos testemunhos de tamanha grandiosidade, sentimos-nos aquilo que realmente somos, uma porção minúscula, microscópica até, daquilo que nos rodeia.
E isso é uma ideia difícil de aceitar para alguns de nós.
Mas, enfim... Para mim, difícil foi o percurso que muito me ajudou com a sua beleza.
E, entretanto, para recarregar forças, dirigimos-nos de volta para a Quinta de Anterronde para um especial e farto repasto, na forma de um sofisticado piquenique.
Acompanhámos as entradas, os rissóis, os croquetes, as tartes e as quiches, as azeitonas e os mirtilos, com um belíssimo rosé, "Pata da Burra", difícil de encontrar nos dias de hoje.
Como não poderia deixar de ser, suculentos lombos de vaca-arouquesa foram o ex-líbris da hora do repasto, extremamente bem confeccionados e muito bem acompanhados por uma salada Caesar e por um "Porrais", vinho maduro branco do Douro, uma espécie de pretexto desonesto, mas delicioso, para lembrar onde o Paiva desagua.
A sobremesa... Bem, a sobremesa é olhar por vocês mesmos!
Aproveito, como término desta publicação, para agradecer com veemência ao amigo "Anterronde" e à sua família pelo convite e pelo fantástico dia que conseguiram proporcionar.
Como gesto singelo de gratitude, deixo aqui a ligação ao facebook do seu magnífico hotel, onde poderão concluir que, sim, este seria um óptimo futuro destino para umas férias cheias de bonança, clicando aqui.
Ai, essas vistas deixam-me cheia de vontade de ir até Arouca conhecer o passadiço... e entretanto morrer pelo caminho.
ResponderEliminarPara quando marcamos um passeio até lá?
Vamos numa época mais fresca, se não é como dizes: "morrer pelo caminho"!
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