São Rosas, são flores

Erguido com os devidos valor e razão, no alto pedestal da gastronomia portuguesa, está o restaurante "São Rosas", em Estremoz, no Alentejo, cujo nome recorda a lenda das rosas e da Rainha Santa Isabel.

Tive, recentemente, a enorme regalia de lá ir almoçar, justamente no dia do meu aniversário, com os meus queridos avós maternos.
Depois de uma atenta contemplação à paisagem que precede a muralha do Castelo de Estremoz, quase às portas do restaurante, entrámos e fomos atendidos com valorosa simpatia. O atendimento é excelente, sempre atentos e prestáveis, nunca deixando o copo de vinho passar sede, mas a comida... Hum...! A comida é divinal. Extremamente bem confeccionados, os pratos não se cingem à típica gastronomia portuguesa, mas destacam com veemência e rigor os sabores alentejanos, como a carne de porco-preto e determinadas ervas aromáticas, desde logo os coentros, os quais, muito honestamente, não aprecio quando em quantidades exageradas.

"Rabo de boi com nabos para mim, por favor!", mas para os avós foram as tenras bochechas de porco-preto, acompanhadas por migas de espargos.
A "rabada", como alguns chamam ao rabo de boi, estava saborosíssima: a carne separava-se do osso com a mesma facilidade de quem corta manteiga à temperatura ambiente, mas o forte sabor da combinação dos nabos e, provavelmente, do vinho tinto na sua preparação, foram estímulos palatais proeminentes, que contrastavam lindamente, diga-se de passagem, com o maduro branco que bebemos, ".bebe" (ponto bebe), assim denominado.

O ambiente interior possui umas sobriedade e alumiação fabulosas, com a típica decoração e engenho sulista, numa agradável combinação de sofisticação e história.

Escrevo estas minhas observações, pois acredito que os bons restaurantes merecem a devida valorização, não se trata de uma falsa bajulação com o intuito de publicitar absolutamente nada. E talvez assim, sem que saiba, até pode algum caro leitor ter curiosidade em conhecer este belo estabelecimento e, à minha semelhança, comer e chorar por mais!

 Lamento não ser nada fotogénico, mas tive que publicar esta fotografia, pois ter a avó mais bonita do Mundo, também é algo de se partilhar. Amo-te, vovó! 

Entretanto, ainda de papo cheio, fomos "por lá abaixo" conhecer algumas terras do fervilhante sul português. 

Por sorte ou acaso, ou quiçá propositadamente, não sei, fomos visitar uma festa cujos elementos principais são flores feitas em papel, em Redondo. 

A festividade toma lugar de dois em dois anos, uma celebração designada por "Ruas Floridas", iniciada nos princípios do século XIX. 

As decorações em papel pela rede intrincada de ruelas, dão vida e encanto à zona e a população local junta-se para a organização do evento. 

Muitas foram as pessoas que vi sentadas à sombra, numa concentrada acção artística de transformar pedaços de papel em flores e outros ornamentos, principalmente os anciãos, cuja paciência é quase inesgotável. 

Como não poderia deixar de ser, trouxe o meu recuerdo, na forma de um íman para frigoríficos, onde estava produzido um pratinho em barro, o qual, apenas para o meu íntimo, representa o quão bem comi naquele dia, e umas flores lá pintadas, que me remetem, claro, ao típico ex-líbris da colorida festividade em questão.