29 de junho de 2015

Quando os macacos se apaixonam

Porque tecem complexos ninhos os tecelões?
Porque são tão organizadas as formigas nas suas sociedades?
Porque explodem os genitais do zangão logo após a cópula com a fêmea?
Porque vamos nós às compras a um shopping e os elefantes, por exemplo, não?
Porque é tão bela a plumagem dos machos de determinadas espécies ornitológicas?
Porque é que a maior parte das fêmeas animais são tão exigentes com a escolha do parceiro?

E porque é que, na verdade, somos emocionalmente mais semelhantes aos outros animais do que aquilo que julgávamos?

Sim, partilhamos cerca de 99% de ADN com os chimpanzés, símios habitantes da vasta área compreendida entre a África Central e Ocidental. Somos fisicamente parecidos e também em termos comportamentais. De facto, os macacos antropomorfos podem muito bem representar com fidedignidade os nossos antepassados de há milhões de anos e, inquestionavelmente, por comparação ou simplesmente por auto-análise, podemos concluir que ainda nos estão ancoradas várias formas de expressão, disto e daquilo, que nos remetem ao comportamento dos chimpanzés.

Não obstante, e esquecendo, apenas por breves momentos, todos os primatas, desde os lémures aos gorilas, existe uma panóplia animal de emoções que, infelizmente, por descuido ou desinteresse, ainda não está devidamente disseminada pelo conhecimento humano em geral.
Neste sentido, venho-vos propor a leitura deste maravilhoso livro, "Quando os macacos se apaixonam", um magistral testemunho dos comportamentos de cariz emocional de certas espécies animais escolhidas com a maior das pertinências. George Stilwell, paradoxalmente autor português, é médico veterinário e Professor universitário e, por aquilo que concluí da sua escrita, um prazenteiro companheiro para uma tertúlia e uma bejeca.

Inesperadamente bem humorada, a leitura desta obra ensina-nos a compreender que não somos nós os únicos animais com sentimentos. Desde o carácter maternal de dedicados e extremosos progenitores para com as suas crias, ao complicado conjunto de expressões e transmissão de ideias de animal para animal. Neste grande Reino, do qual somos apenas uma gota, existe também a prática da dissimulação, da derrota, da tristeza e da alegria, da confusão e da clareza.
Este é um livro que nos elucida da melhor forma em relação aos outros animais e que, de maneira surpreendentemente eficaz e divertida, nos confronta com a errada realidade do Homem, ou seja, os defeitos do egocentrismo e da altivez, que nos definem.

Todos nós nascemos com uma desregrada curiosidade relativamente à natureza, sendo mais notória na nossa infância, quando nos encantamos apenas com o toque directo das nossas mãos na terra ou com os padrões das asas da mais crítica borboleta, com o cair das folhas no Outono que crepitam com o nosso calcar ou com a chegada das andorinhas na Primavera. É apaixonante, não acham, caros leitores? Toda a parafernália de fenómenos naturais fazem perceber, a quem o queira entender, que somos parte integrante do mundo natural, não a cabine de controlo da mesma.

Deliciem-se com este livro, o qual aconselho veementemente, e compreenderão a complexidade do mundo que está para lá das paredes de nossa casa e encontrarão, com certeza, as respostas para as perguntas que, propositadamente, introduzi no início desta publicação. Isso e muito, muito mais... Naturalmente!


2 comentários:

  1. Respondendo à pergunta "Porque vamos nós às compras a um shopping e os elefantes, por exemplo, não?", a resposta não podia ser mais simples:

    Porque eles andam nus e nós não! ;-)

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    Respostas
    1. Então, as pessoas cobertas com peles de animais, maldosamente usufruindo delas como vestuário, também andam nuas.

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