15 de junho de 2015

Mundo "Cretácico"

Em 1993 estreou uma estonteante história, um filme de ficção-científica, uma aventura desregrada sobre um parque criado por um velho milionário extravagante que, de bengala de bambu com uma pecinha de âmbar na ponta, mostrou-nos pela primeira vez, e com a colaboração de cientistas especializados em manipulação genética, dinossauros vivos naquele que lhe chamou de Parque Jurássico.

Muito provavelmente, a grande maior parte dos meus caros leitores já terá visto, pelo menos, o primeiro filme ou até mesmo os quatro, tendo o mais recente estreado em Portugal na passada quarta-feira, dia dez deste mês de Junho. Neste sentido, e como adquiri, desde muito jovem, um particular gosto por paleontologia e, por conseguinte, pela saga Parque Jurássico, venho dar, a quem a quiser ler, a minha opinião relativa ao último filme de Colin Trevorrow, num trabalho contínuo ao de Steven Spielberg, sobre as já faladas criaturas pré-históricas, o Mundo Jurássico.

Antes de qualquer outro facto, e excluindo as complexidade e magnificência dos filmes, julgo pertinente elucidar que muitos dos dinossauros, entre os quais os protagonistas como o Tyrannosaurus rex e os Velociraptor, foram espécies viventes no período Cretácico, um tempo da história da Terra que sucedeu o Jurássico e, por isso, fazendo referência ao autor do livro Jurassic Park, Michael Crichton, que assim deu origem a tudo, ouso corrigir, apenas cá entre nós, para "Parque Cretácico" considerando a maioria cretácica.

O Mundo Jurássico é novamente a insistência na construção de um parque, ou jardim paleozoológico, como medida de atracção a visitantes curiosos por vislumbrarem os colossos animais que, geneticamente manipulados, voltam da sua remota extinção e, como não poderia deixar de ser, superam a inteligência e a sofisticação humanas e destroem tudo o que lhes intersecta no caminho levando ao caos total, como a morte de pessoas e o prejuízo material, a julgar pela quantidade de infra-estruturas demolidas.
Neste novo filme, o enredo centra-se na criação de um híbrido letal, denominado Indominus rex, um dinossauro de grande porte que resultou da integração de genes de diferentes animais actuais no seu ADN, cujas respectivas características se vão revelando ao longo da história.
O temível indivíduo, por descuido ou corrupção, escapa do seu recinto fechado e ameaça dizimar o parque e tudo o que lá se mexer. Para impedi-lo, os superiores do parque, já convencidos de que nenhum dispositivo bélico consegue travar o Indominus rex, decidem que o provérbio "à terra que fores ter, faz como vires fazer" seria apropriado e utilizam um grupo de Velociraptor treinados para lhe fazerem frente até que, da forma mais improvável, o implacável gigante sucumbe nas fauces de um réptil marinho do género Mosasaurus, também ele do período Cretácico.

Existem, na minha humilde opinião, algumas incoerências relativamente à recreação dos dinossauros nos três filmes do Parque Jurássico e também neste último do Mundo Jurássico. Os Velociraptor, por exemplo, não correspondem, de facto, a nenhuma espécie desse género, senão à espécie Deinonychus antirrhopus, pois os primeiros teriam, segundo estudos científicos, partes do corpo cobertas de penas e seriam bem mais pequenos do que os que são apresentados por Steven Spielberg originalmente. É bastante provável, no entanto, que fossem altamente inteligentes e bem capazes de desenvolver laços afectivos, responderem a ordens e organizarem hierarquias dentro dos seus grupos, muito à semelhança daquilo que acontece nas alcateias.

Os répteis pré-históricos carnívoros, como os acima falados e ainda os pterossauros, são, nestes filmes, frequentemente alvos de um papel absurdamente violento. Acredito que, expostos a um ambiente completamente desconhecido, não tendo eles necessidade de se alimentarem pois parte-se do pressuposto que seriam alimentados nos seus recintos, eles simplesmente fugiriam na presença de algo estranho ou optariam por uma posição de defesa, não começariam a matar pessoas com uma ânsia viva por sangue humano como se não houvesse amanhã.

Claro que é difícil recriar a aparência e o comportamento de animais extintos há mais de sessenta e cinco milhões de anos, mas, a meu ver, deveríamos-nos cingir àquilo que vemos na actualidade para não cairmos no ridículo.
A saga jurássica está, não obstante, estupenda e é um bom pretexto para, metaforicamente, criticar a sociedade hodierna relativamente à ganância e à megalomania. Os efeitos especiais, desde logo a qualidade das recriações computorizadas, estão muitíssimo próximos da perfeição, absolutamente realistas e, por isso, aterradores, e, num misto de pulos na cadeira, existe igualmente bastante humor.
Às minhas leitoras, em particular, aconselho a visualização do Mundo Jurássico, pois se já caminhar em saltos altos é difícil, aprenderão, com certeza, a correr muito bem neles!


Imagem retirada de www.jurassicworldfilme.com


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