28 de maio de 2015

O Pecado de Darwin

Intriga, ciência e um toque especial de ficção.
Esta brilhante obra de John Darnton, premiada com o Prémio Pulitzer, que hoje vos sugiro, é um complexo romance baseado em documentos históricos.

Enquanto lia este livro, talvez mais para o meio da história, creio, apercebi-me que, pelas mais diversas razões, não há de ter sido, de facto, fácil de escrever. Há muita matéria, tem conteúdo, a escrita é recheada de saber e é apresentada com convicção. Só por isso gostei.

Não obstante, nesta obra reside algo muito mais importante do que aquilo que escrevi acima, o enredo.
John Darnton teve a capacidade de conjugar duas épocas completamente diferentes, separadas por mais de cento e cinquenta anos, e três perspectivas desencontradas, uma pelo tempo e as restantes duas pela forma de tecer o dia-a-dia.
Passando eu a explicar, Hugh Kellem, naturalista e investigador nas Ilhas Galápagos, teve a combinação do aborrecimento do seu estilo de vida eremita e da repentina, mas assolapada, paixão por uma colega, Beth Dulcimer, que, infeliz com o seu inglório casamento, acaba por se fragilizar e deixa-se aproximar de Hugh.
Numa frenética e obsessiva procura pela vida e obra do famigerado naturalista Charles Robert Darwin, cientista do século XIX, Hugh tenta encontrar, nas mais diversas e figadais bibliotecas britânicas, factos nunca antes revelados sobre o patrono da Origem das Espécies.
Surpreendentemente para mim, virtualmente tudo o que existe de documentos históricos sobre o valoroso cientista já se encontra publicado de alguma forma e à vista de todos, quer em livros, artigos científicos ou manuscritos vendidos em velharias ou leilões.

Na tentativa de conciliar a paulatina entrada de Beth na sua vida amorosa e a sensação de estar perto de uma grande descoberta, Hugh encontra, ao que no início lhe parecia honestamente insignificante, excertos genuínos do diário de Lizzie Darwin, filha de Charles Darwin.
Ao lê-los, Hugh apercebe-se que, afinal, o culminar dos factos, não lhe estão a ser fornecidos directamente das anotações do próprio Darwin, mas pela descrição detalhada sobre o pai que Lizzie escrevia no seu diário.

Não sabia ela que as suas curiosidade, audácia e grande capacidade descritiva ajudariam, muitíssimo mais tarde, à compreensão de quem, realmente, foi Darwin e aquilo que ele verdadeiramente fez.

Este, meus caros leitores, não é um livro apenas para entendidos nas matérias de História Natural, é um belo conto para todos que requer, porém, especial atenção e interesse.

   

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